Você é um monstro!
Quando estamos em uma roda de conversa, com amigos ou colegas da universidade, defendemos a ideia de sermos egoístas. Esse é o momento crucial que a sua imagem física é contraposta por um super vilão de um filme, qualquer título. Atualmente, defender os seus interesses próprios e não os carregados em cartolinas — você pode escolher esse método, caso ache legal — é considerado um pecado social. Esse é o momento que nos deparamos com a questão: por que ser egoísta é errado para eles?
Para entender a resposta dessa pergunta, de maneira completa, será necessário ler a obra “A virtude do egoísmo” escrito por Ayn Rand. Esse texto trará, abordando um pouco da realidade, como os egoístas são os monstros da atualidade.
Podemos iniciar essa demonstração com uma reflexão: agir individualmente e não pela sociedade. Não é precio tomar nossas decisões pensando como a sociedade, ou seguir seu caminho; Rand deixa claro que, o que entendemos por sociedade não passa de um aglomerado de indivíduos, nessas decisões que mencionamos antes, diz respeito a maioria de indivíduos. Agora, a sua mente deve ter recordado de diferentes situações que passamos no nosso cotidiano que confirmam essa ideia. Nós, enquanto seremos humanos, somos dotados de consciência e essa que deverá nos guiar; mas não a consciência bruta, mas sim a que adquiriu conhecimento e conceitos que guiam nossos valores, a forma racional e única do ser humano, o pensar. Essa é a primeira lição que podemos aprender e que nos transformará em monstros para a sociedade.
Psicologicamente, a escolha de “pensar ou não” é a escolha de “focalizar ou não”. Existencialmente, a escolha de “focalizar ou não” é a escolha de “ser consciente ou não”. Metafisicamente, a escolha de “ser consciente ou não” é a escolha de vida ou morte (RAND, 1991, p.23).
O homem é o único ser vivo que consegue guiar a sua vida e criar o que for necessário para a sua sobrevivência, só precisa agir. Podemos escolher qualquer caminho, o da realidade ou da subjetividade, mas precisamos estar cientes que, ambos os lados, vão gerar consequências e que essas não podem ser apagadas. Nos últimos anos, talvez séculos, uma parcela gritante de indivíduos tem preferido seguir na linha subjetiva e as consequências disso são monstruosas. Entendeu porque você é um monstro?
Nesse momento, os códigos de ética do indivíduo não existiu, ele foi apagado pela coletividade. Mas, no meio desse desastroso período fictício em que vivemos, aparece você, com um código de ética, pois você escolheu seguir esse caminho pela realidade e por acreditar na sua vida, baseado nos seus valores individuais. É claro que você seria um monstro. Essa ética te guia por seus objetivos, faz-te traçar metas e sua mente pensa no caminho que devera seguir, mas olhe a sua volta, as pessoas não estão agindo assim, elas seguem as ordens de um líder, comportam-se como animais e, na maioria das vezes, não pensam, elas caminham para o abismo da destruição e você corre em direção da sobrevivência. Um único individuo indo contra a maré coletivista, agindo por sua mente e de forma racional, óbvio, você é um monstro. Você escolheu ser homem, a ética lhe ensinou como viver como um.
O homem deve escolher seus atos, valores e objetivos pelo critério daquilo que é adequado ao homem — a fim de alcançar, manter, preencher e gozar este valor último, este fim em si mesmo, que é sua própria vida (RAND, 1991, p.26).
Sua escolha em exercer um trabalho, sendo o seu valor, tendo a razão como fonte e o orgulho — do resultado de agir — como o produto final, mais uma lição que Rand deixa no seu legado. Logo, você é um monstro. Como não acreditar que o Estado é o seu pai? Como não acreditar que ele tem de manter a sua vida? Acreditar que apenas você, enquanto ser racional, pode guiar os seus propósitos e definir a sua vida? Jamais, os animais não irão aceitar. A sua felicidade, produto das suas escolhas e tendo a vida como um fim, jamais poderá ser aceito. Afinal, você conquistou via méritos próprios.
Mais que isso, você acredita que a troca é a única forma racional que podemos viver em sociedade, abomina o sacrifício e a destruição. Entretanto, as massas só veem o sacrifício do outro e de si como produto ético. Novamente, você será um monstro. Sabemos, o objetivismo, filosofia produzida por Ayn Rand, compreendeu a sua existência, defendeu o seu egoísmo como algo moral e defendeu — ainda defende — que você não é um monstro, você é um indivíduo buscando pela sua sobrevivência.
Soara engraçado o que lerão agora, vamos falar sobre amor. Todos os pais ou mães, avós talvez, sempre nos ensinavam a primeiro nos amar e depois amar outro indivíduo. Sabe? Eles tinham total razão — virtude ensinada com premissa na existência do homem.
Amar é dar valor. Somente um homem racionalmente egoísta, um homem que se autoestima é capaz de amar — porque é o único homem capaz de manter valores firmes, consistentes, descompromissados e não-traídos. O homem que não valoriza a si mesmo, não pode valorizar ninguém ou nada (RAND, 1991, p.32).
Mais que isso, amar encobre tudo o que falamos até agora. Escolher o outro, ser honesto — não apenas com o outro que você escolheu, mas com as pessoas que não escolheu amar -, egoísta e racional. A única forma de amar. Novamente, você será um monstro. Quem é sincero com as suas escolhas e com os outros hoje? Quem defende a liberdade de escolher? Quem compreende a honestidade como uma virtude? As ruas estão cobertas por pessoas que não possuem ética, mas dizem amar. Elas apenas escolheram esquecer, que sem a ética, é impossível existir amor.
Desta forma, finalizamos as lições de Rand com esse aprendizado, clichê para alguns, necessários para outros: só é possível amar outrem quando você ama a sua existência; apenas podemos sentir o amor quando somos honestos, conosco e com os que estão a nossa volta; é possível ser sincero e deixar que os envolvidos lidem com as suas questões — afinal, elas não são problemas seus -, mas para isso, apenas a verdade pode estar presente. Sabe de uma coisa? Você não é um monstro.
Texto por Tailize Scheffer Camargo
Arte Dayane Matos