Turismo de Vacina e a Importância do Lucro
A Organização Mundial do Turismo, agência especializada das Nações Unidas e a principal organização internacional do setor, define a atividade turística como o conjunto de práticas que as pessoas realizam em suas viagens a lugares diferentes por um período menor que um ano. Trata-se de uma prática lucrativa, responsável por geração de renda e emprego, formando um mercado em ascensão e que desenvolve várias inovações que buscam acomodar e colaborar com a experiência do viajante.
A Europa é o local mais procurado por turistas estrangeiros pelo alto impacto que sua arte tem na história mundial. O continente é o berço do renascimento e seus museus abraçam obras como “Monalisa”, de Leonardo da Vinci, e “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli.
O Brasil se destaca no turismo de negócios interno, ou seja, aqueles que visam estimular a atividade comercial, principalmente pelo seu grande mercado consumidor com os mais diferentes públicos. Entretanto, ele é pouco buscado por aqueles que vêm de fora, cujo desejo de conhecer o nosso país se limita apenas a determinados eventos, como a Parada LGBT e Fórmula 1. Isso se deve, principalmente, ao distanciamento geográfico do continente sul-americano e excessiva burocracia para estimular a criatividade e o desenvolvimento empresarial.
Desde o início da epidemia da COVID-19, o turismo vem sendo o setor econômico mais devastado do planeta e, devido ao atraso da vacinação, o caminho para alcançar os níveis anteriores à doença está cada vez mais distante. Muitos empreendimentos tiveram que inovar para se manterem no mercado e a tecnologia foi uma importante ferramenta para promover os próprios serviços e demonstrar que todos os protocolos estavam sendo cumpridos.
Recentemente, países como os Estados Unidos, Panamá e Sérvia, que já controlaram a crise e viram os números de novos casos e mortes despencarem, passaram a oferecer vacinação aos turistas que buscassem o território e cumprissem previamente uma série de regras instauradas pelos órgãos de saúde. Os americanos, por exemplo, exigem que visitantes de países selecionados cumpram uma quarentena de duas semanas para se locomover pelas áreas da nação e obter vacinas.
A medida desenvolveu um novo tipo de segmento na atividade turística e diversas companhias espalhadas pelo Brasil e resto do mundo passaram a oferecer pacotes que visassem a vacinação daqueles que os adquirissem. Entretanto, essas ações repercutiram entre o meio dos especialistas e fora dele, tornando-se mais um debate ideológico no meio de tantos.
Aqueles sendo contrários afirmam que a comercialização delas seria antiético e contribuiria para a desigualdade, visto que se trata de uma questão de saúde pública, não de turismo. Já outros afirmam que a sobra dos outros países deveria ser redistribuída por se tratar de uma questão humanitária, não um negócio.
Visões simplistas como essas tratam invenções com alto impacto histórico com um viés romântico e purista, menosprezando o fato de que as vacinas e outros bens relevantes para a humanidade só existe hoje, porque alguém acreditou que eles poderiam dar lucro.
Henry Ford, por exemplo, desenvolveu um método de produção em massa que permitia um número maior de automóveis produzidos a partir da especialização do funcionário em apenas uma tarefa. Essa estratégia barateou o valor dos carros e os tornou muito mais acessíveis, fazendo com que a ganância do empresário tenha sido um elemento fundamental para a modernização do setor automobilístico.
Leonardo da Vinci, por sua vez, teria pintado a “Monalisa” a partir de uma encomenda feita pelo marido daquela que está no retrato, viabilizando que o pintor explorasse seu talento artístico e desenvolvesse a maior obra cultural da humanidade por um preço.
O Turismo de vacina deveria ser considerado um meio que colabora com a imunização e produção, uma vez que o valor pago por alguém com a intenção de garantir uma dose é muito maior que aquele custeado pelo governo com o propósito de proteger uma população inteira. Trata-se da lógica do atacado aplicada à saúde pública, quanto maior a quantidade adquirida, menor é o preço da unidade.
Além disso, o processo de formulação completo precisaria ser tratado como uma atividade empreendedora e seu produto tem que assumir um caráter comercial regido pelas leis do livre mercado. Dessa forma, o desenvolvimento delas não seria tão complexo e burocrático.
Diferentes organizações competiriam entre si, tendo estímulos para ultrapassar as barreiras dos órgãos fiscalizadores, a alta carga tributária e o excessivo número de leis trabalhistas não impediriam que a arrecadação fosse reinvestida no negócio, gerando mais contratações e uma produção mais eficiente em número de doses e diminuição de preços.
A alta demanda associada à possibilidade de lucro atende aos anseios da população com a rapidez que ela precisa, sendo responsável pela vacina contra COVID-19 e outras grandes invenções de alto impacto social, demonstrando que a aliança entre capitalismo e liberdade criativa gera bons resultados e deve ser estimulada.
Texto por Irineu Cavassani Netto.
Arte Fernanda Safira.