Clube Damas de Ferro
5 min readMay 11, 2021

Liberdade, para quê te quero?

Um questionamento muito simples e, em simultâneo, tão complexo. A Liberdade é a nossa base de sobrevivência, mas cheia de cortes na linha do tempo. Esta frase pode parecer bem esquisita ao ler de primeira, mas a verdade é simples, única e objetiva: livros foram queimados, pessoas foram condenadas ao suicídio, outras, ainda, julgadas em nome de Deus e executadas em praça pública. Muitas vezes por não se conformarem em ser igual ou por lutar em face de um ideal.

A liberdade dos indivíduos consiste em afirmar que não somos propriedade de ninguém e podemos, sim, expressar nossas ideias — seja pensando, lendo, escrevendo ou falando — sem haverem objeções de qualquer pessoa ou Estado.

As pessoas, não defensoras da liberdade, devem compreender que todos nós podemos e devemos ser detentores de nossas próprias vidas e escolhas. Significa dizer, assim como Deirdre defende, ideia central do liberalismo é a noção de ter uma sociedade no qual ninguém é escravo. Nem de um mestre, de um marido e tampouco de um Estado. Ou seja, a liberdade é sobre ser livre de coerção humana.

Mesmo vivendo em pleno século XXI ainda encontramos muitos desafios em viver a liberdade de forma plena. É lamentável ver retrocessos ocorrendo no mundo, sejam políticos acreditando veementemente que devem regular a forma que pessoas se relacionam ou sobre proibir publicidades sobre certos temas, ou o que os professores devem ensinar nas salas de aula ou até mesmo padronizar ideologias sem o mínimo de sentido. Só esqueceram de dizer que estas limitações não passam de reflexos de um passado não muito distante.

Com o fim do regime autoritário no Brasil, acreditamos que nossas liberdades estariam asseguras sem haver nenhum risco, mas para falar a verdade a história até aqui foi se moldando e camuflando com o discurso “em nome do bem comum”.

Pelo amor a nossa essência natural de prudência e sensatez, a frase em epígrafe não possui fundamento algum, pois, como pessoas, camufladas de Estado Democrático de Direito — e usando como bases principiológicas suas loucas ideologias — vão determinar o que é melhor para todas as outras pessoas?! Ou será que este discurso é só um blefe?

Eu acredito que parte dos políticos brasileiros estão o tempo todo blefando para, mais uma vez, limitar o direito de ir e vir visando manter o status “soldadinho de chumbo”.

Exemplo desse retrocesso é o PL 504/2020 proposto na ALESP, visa proibir publicidade LGBTQIA+. Qual o problema em deixar as pessoas livres para serem elas mesmas? Mais uma vez não há como falar sobre este tema e não citar a sensata Deirdre. Ela diz que liberdade é liberdade. Não apenas na Economia. É liberdade para os pobres, ricos, travestis, jornalistas, ou seja, liberdade é para a liberdade e para todos.

É preciso lembrar as pessoas e fazê-las compreenderem que a liberdade não vai ferir ninguém, pois ela é contra violência. É sobre um livre mercado, é sobre inovação, é sobre empreendedorismo, é sobre expressar nossos pensamentos objetivando o convívio uns com os outros — mesmo com opinião diferente da nossa — em harmonia, respeito, leveza e com um bom senso de humor.

Esse parágrafo me fez recordar de um ocorrido nos tempos de academia, era aula de sociologia e antropologia do direito, onde estávamos debatendo alguma ficção do Marx — risos -. Lá pelas tantas um colega discorda do aspecto que o professor estava falando, até aqui tudo bem, mas o problema foi o seguinte: o professor alegava adorar escutar as opiniões da turma, ainda que divergentes das dele, porém, quando isso ocorreu — ainda nos primeiros dias de aula — o referido professor simplesmente ignorou o meu colega e fingiu que ele era parede.

Neste aspecto eu me pergunto: “ué, mas não foi você que falava em liberdade de expressão? Ou é apenas a suposta liberdade que defendes em um futuro muito distante e além?”.

Assim como este episódio e tantos outros são corriqueiros, seja em qualquer lugar, vale mencionar que defender a liberdade nunca foi fácil e é um desafio constante. Há vertentes político-partidárias que se autointitulam “liberais”, mas, na verdade, estão muito longe dessa bandeira. Na realidade são o câncer social e ainda não se tocaram. Muitas pessoas foram e são extremamente importantes para desenvolver a ideia da liberdade até aqui, mas vale destacar a Rose Wilder Lane, uma mulher que não se conformou com a realidade e buscou enfrentar o coletivismo em vários aspectos.

Rose ainda destaca que cada indivíduo é responsável por controlar a sua energia, mas isso quer dizer o quê? A vida é uma energia em movimento. Em outras palavras é possível observar que ela fala sobre questões complexas em uma época de muita tirania, deste modo, o seu objetivo era difundir a ideia de que o indivíduo poderia ter liberdade aquém da autoridade governamental, ou seja, cada ser humano pode e deve criar a sua própria trilha. É sobre dar valor às liberdades individuais e não aos governos. Para ela, estes — governos — visam moldar a sociedade em um único perfil, então, controlando os indivíduos a ponto de anular as alternativas da energia funcionar corretamente.

Logo, repito mais uma vez: liberdade é liberdade, ou seja, ela é um fato natural e não pode ser atribuída por ninguém. Se assim ocorrer — a “autorização” da liberdade — dá margem para ela poder ser revogada em qualquer tempo. O que não precisamos é isso. É preciso ter cuidado com os que fingem te proporcionar uma falsa liberdade, pois, uma atitude errada nos traz consequências no futuro.

Para finalizar este texto sobre o desafio da liberdade, destaco também o pensamento da Advogada e ativista da liberdade, Nadine Strossen. Não há como negar: conhecer ideia liberal é chocante, pois nos faz refletir sobre os nossos valores morais e o que até aqui acreditávamos. Ser um defensor da liberdade é, infelizmente, muito difícil.

Falo sobre esta dificuldade, pois, ainda que tenhamos liberdade de escrever e falar é preciso estudar constantemente e exercitar muito a virtude da paciência. Haverá quem te falará que isso é loucura e a solução para os problemas está em prender todo mundo que pense diferente dos coleguinhas.

Nadine ressalta que quando novas ferramentas tecnológicas surgem há uma certa excitação popular, visto o poder legal que as detém. No entanto, quanto ao contexto da liberdade, ela vai falar dos liames entre expressão e o discurso de ódio, bem como, das limitações que vão surgindo nas redes em relação aos usuários. Até que ponto é válido o argumento “seu conteúdo viola os termos de políticas e serviços”? É necessário muito cuidado ao tratar deste aspecto digital, pois, muita liberdade de expressão é vista como discurso de ódio ou conteúdo impróprio, ou vice e versa. É um limbo. Nesse aspecto ela questiona, a que ponto tal situação é perigosa para a Democracia e para a liberdade individual?.

Eis um bom questionamento para finalizar o texto de hoje, mas não esqueça que a nossa liberdade não tem preço e tampouco violência.

Assim como as autoras citadas e tantas outras importantes para o movimento em prol da liberdade, é possível observar que este assunto não é de hoje. Acabamos por utilizar estudos complexos de outra geração por suas teses pertinentes à realidade que vivemos. Os questionamentos ainda são os mesmos e precisamos estar em busca da nossa melhor evolução social.

A liberdade é filha da revolução!

Texto por Raiane Pieri
Arte Dayane Matos

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Written by Clube Damas de Ferro

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