60 dias de Ayn Rand
No início de fevereiro deste ano o Blog do Clube Damas de Ferro se propôs a receber textos de autoria dos membros sobre a filosofia objetivista, esta que foi originada por Ayn Rand no século passado. Desta forma, contamos com diferentes abordagens e muito conhecimento. Portanto, é necessário terminarmos com um “grand finale”.
Rand sempre afirmou que não mudaria as suas ideias e a estrutura que formulou sua filosofia. Em uma entrevista concedida na década de 1980, para Phil Donahue, disse: “quero apenas ter minhas ideias”. Logo, vamos compreender os cinco elementos que formularam o objetivismo e a vida — na Terra — dessa mente brilhante. Antes, devemos compreender o conceito de filosofia como o estudo das relações do homem com a realidade, cumprindo alguns elementos, que são: metafísica, epistemologia — esses dois elementos são as bases de quaisquer estudos filosóficos, formando o eixo central de reflexões -, e ética, derivando-se em mais duas áreas: política e estética. No que lhes concerne, metafísica compreende a natureza do universo; epistemologia, conhecimento; ética, código de valores para escolhas e ações; política, natureza da sociedade e a função do governo; e, por fim, estética, a constituição da arte.
O objetivismo compreende que há uma realidade, e que essa realidade é objetiva e existe. Sendo esse o primeiro axioma da filosofia, compreende os requisitos da metafísica. Rand, com seus amplos estudos, buscou inspiração nos escritos de Aristóteles, assim, instituindo que, se entendermos o mundo como real, buscaremos conhecimento através da razão. Agora, entramos na epistemologia da filosofia objetivista. A filosofia randiana entende que todo o conhecimento é adquirido através da razão, que é construída em três partes: evidenciando os sentidos — os estímulos do meio ambiente — com o corpo humano; com isso, observamos e formulamos nossos conceitos através da lógica, o método que compreende os sentidos. A finalidade disso se dá no conhecimento como certeza. A mente, dotada de consciência com base na realidade, nos leva para o mundo e nos instiga a conhecer a verdade. O Dr. Leonard Peikoff, autoridade máxima em Rand e sua filosofia, inspirado em seus estudos, disse em uma palestra:
A verdade é objetiva, racional e toda verdade propriamente entendida é absoluta.
A ética, quando falamos de uma filosofia que compreende o real e o indivíduo, centra-se na ideia de egoísmo racional.
Capitalismo: esse é um mundo real com indivíduos racionais e aptos a colocarem as suas ideias em prática. Assim, quando falamos de política e a formulação da natureza com reflexo no papel do governo, essa é a defesa de Rand. O capitalismo de livre mercado é o sistema político e econômico que pode garantir os direitos dos indivíduos, visto que proporciona a liberdade para produzir e buscar seus objetivos baseados em seu auto-interesse racional. Este é o único sistema que proporciona uma vida plena para os indivíduos, e a vida é algo extremamente valorizado na filosofia de Rand.
Para falarmos de valores, devemos falar de ética. Para a autora, a ética está — ou deveria estar — estabelecida de forma objetiva, isto é, sem abstrações do que deva ser o bem e o mal. Ora, o bem é tudo aquilo que promove a nossa vida, e o mal, aquilo que a prejudica. O viver bem — diferente de sobreviver, evitar morrer — deve ser o objetivo máximo de um indivíduo racional, sendo assim o nosso valor máximo, e todos os outros derivam deste. De mesma forma, a ética objetivista também se alicerça no que Rand chama de egoísmo racional que, em suma, significa que o beneficiário de nossas ações deve ser nós mesmos, e não outros indivíduos a quem nós racionalmente não damos valor, e isto é ético, racional e essencial, dado a natureza dos seres humanos. Para um melhor entendimento, leia “A Virtude do Egoísmo”, da própria.
Por fim, a estética. Para a filósofa, é por meio da arte que o ser humano alcança as suas necessidades cognitivas. Usando a história de vida de Rand, conseguimos perceber que a expressão artística é o meio pelo qual buscou compreender as dúvidas que concebia no mundo, inclusive com as suas obras, onde compreendem não apenas a sua filosofia descrita, mas a beleza que o indivíduo pode encontrar no contato com a arte. Aqui, para não estender, gostaria de lembrá-los do texto disponível no blog sobre “Arte e objetivismo”.
Em todos esses aspectos, dois pontos são cruciais e válidos, pensando no que e como Rand buscava questionar a história da filosofia. O sentimento impregnado na sociedade do coletivismo e altruísmo, onde um está diretamente ligado ao outro e são inseparáveis. Quando compreendemos o altruísmo como a forma que homens irracionais se sacrificam pelos outros, entendemos que o coletivismo é: muitos homens se sacrificando por uma “causa”, “líder” ou “justiça social”. Portanto, gostaria de deixar uma breve reflexão aos leitores: qual o valor desses dois conceitos para a sua vida?
Texto por Maycon Trindades e Tailize Scheffer Camargo
Arte Dayane Mattos